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quinta-feira, 11 de julho de 2013

A metodologia da dúvida

Recentemente conversei com duas amigas queridas passando por momentos de indecisão nas suas carreiras. Insatisfeitas onde estão, elas passam por aquele processo de mudar-ou-não-mudar-eis-a-questão. E conversando com elas comecei a me lembrar dos momentos em que passei por isso. Acho que consegui resumir bem e pode ser um “guia” prático quando essas dúvidas surgirem na sua vida. Sim, porque como libriana que sou, detesto tomar decisões e nunca as tomo de impulso. Então costumo colocar no papel prós e contras e fazer quase uma “metodologia da dúvida”. 
Primeiro ponto: a gente nunca sabe o dia de amanhã. Pode ser que a nova empresa pra onde você pensa em mudar quebre, que seu chefe vá embora, que o clima de trabalho seja pior. OU pode ser que tudo melhore.
Boatos são boatos e podem nunca se confirmar. Seja porque eram só boatos, seja porque muita coisa pode mudar até você começar a trabalhar lá. 
Então não leve em consideração o que "pode" acontecer, mas sim o que você "quer" fazer.
Estes fatores externos não estão em suas mãos. Está em suas mãos decidir que caminho quer seguir. E, uma vez decidido, não se arrependa. Você tomou a decisão certa para aquele momento e com as decisões que tinha em mãos. Não se martirize se algo der errado.
Para saber se muda ou não de emprego, tudo é uma questão de prioridade nesta vida. Tente fazer uma lista com as SUAS prioridades.
A minha, por exemplo, é:
1. ter prazer ao trabalhar
2. ter espaço para uma vida bacana (noites e feriados)
3. ter qualidade de vida no trabalho
4. fazer um trabalho de que me orgulhe
Etc.
Por fim, se a dúvida permanecer, uma estratégia é imbatível:
Imagine-se daqui a um ano.
Agora, imagine-se daqui a 10.
O que você quer (sonha mesmo) estar fazendo em 11/07/2014? E em 11/07/2023?
Duvido que depois disso você não tome uma decisão.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Ai Weiwei

Materinha minha publicada na edição de fevereiro da GQ Brasil:



Dissidente e teatral
A primeira retrospectiva brasileira do chinês Ai Weiwei traz centenas de fotografias e vídeos que representam sua obra questionadora


No último dia 21 de janeiro, Ai Weiwei tinha postado exatos 86.483 tweets. É muito mais que o apresentador brasileiro Luciano Huck, por exemplo, que escreveu 7.217 mensagens com no máximo 140 caracteres e Barack Obama: o presidente dos Estados Unidos, no dia de sua posse, tinha chegado aos 8.314 tweets. O curioso é que, para atingir essa marca, Ai Weiwei não é um geek e menos ainda um adolescente com tempo para navegar pela web. Ele é um artista à procura de uma forma de expressar sua arte, que apostou na rede social para fugir da censura. O regime comunista chinês o manteve encarcerado por 81 dias sob alegação de evasão de divisas e tirou seu site do ar. A obra de Weiwei – que é arquiteto, escultor e fotógrafo, além de blogueiro e twitteiro – não fala, grita. Grita a favor da transparência e da democracia na China, tanto que foi eleito pela conceituada revista Art Review uma das três maiores personalidades das artes em 2012. Sua obra mais impressionante, Kui Hua Zi, consiste em uma tonelada de sementes de girassol esculpidas à mão em porcelana, e foi leiloada por nada menos que US$ 782,5 mil em outubro de 2012. Diferentes mas não menos impactantes são suas fotografias e seus vídeos, que estarão reunidos na retrospectiva Ai Weiwei - Interlacing, no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, de 07 de fevereiro a 14 de abril.
“Depois de toda essa arte autorreferente e centrada em si mesma que temos tido desde os anos 90, é revigorante ver um artista que lida com a sociedade, com assuntos que dizem respeito a nós todos”, disse à GQ Urs Stahel, curador da mostra. Ele distribuiu as obras em 11 grupos. Entre eles, Fairytale Portraits. Em 2007, Weiwei levara à cidade alemã de Kassel 1.001 cidadãos chineses de todas as classes sociais para posarem para essa série de retratos ao vivo, durante o evento Documenta. “Queria fazer algo que se relacionasse com a vida real de pessoas comuns", disse. Imagens sensíveis compõem a seção Beijing Photographs, como uma foto da artista Lu Qing (que viraria sua esposa) levantando sua saia. A imagem foi feita em junho de 1994 para comemorar os cinco anos do ápice do movimento estudantil na Praça da Paz Celestial. Em contraponto, a série Study of Perspective tem um espírito bem mais sarcástico: sua mão esquerda com o dedo médio erguido diante de monumentos que as pessoas costumam venerar, como a própria Praça da Paz Celestial e a torre Eiffel. É tudo uma questão de perspectiva, e a de Weiwei é sempre questionadora. Quem visitar a mostra no MIS vai poder ver isso de perto. “Ele é político em seu pensamento, minimalista em sua arte e teatral em sua vida”, resume o curador Urs Stahel.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sobre mudanças e sonhos

 Eu mudo, eu fico muda. Deve ser meu jeito de absorver tanta informação, de compreender tanta novidade, de mergulhar de corpo e alma pra ir a fundo e me adaptar à nova rotina. E de aprender a gostar dela (o que não tem sido nada difícil, diga-se de passagem).
Mas envolve um frio na barriga igual a quando a gente se apaixona e não sabe o que esperar da pessoa amada, não sabe como fazer as coisas de forma que ela se apaixone também. Pois é, estou vivendo isso no meu trabalho. Esses dias li a entrevista de um psicólogo na Lola, em que ele dizia que quanto mais altas as nossas expectativas em relação ao trabalho dos sonhos, mais nos frustramos. E então, eis que aparece uma proposta que eu nem sonhava, resolvo me atirar de para-quedas e descubro que é muito mais emocionante e divertido que jamais sonhei. A gente descobre que muitas vezes fecha os olhos para as coisas/pessoas que, como diria Cazuza, não cabem no nosso sonho, e não imagina o que está perdendo.  Deixa de viver, se divertir, ser feliz, porque ele não era loiro/alto/magro/mais velho/pós-graduado. Ou porque o emprego não era do lado de casa, porque alguém disse que o clima era ruim, porque não é o que vc sempre sonhou...
A vida é uma só, já disse o poetinha, "e duas que é bom, ninguém diz que tem". Então não tenha medo de mudar os seus sonhos. De renová-los e de mudá-los novamente, sempre que necessário. Eu procuro entender as pessoas, com seus defeitos e qualidades, mas se  tem uma coisa que não entendo é a ausência de sonhos. Quem não sonha, não vive. Quando muito, existe. Que tal aproveitar o começo do ano para fazer uma listinha com seus desejos para 2013?