segunda-feira, 16 de abril de 2012
Nada mais ou menos
Mais ou menos. Sem sal nem açúcar. Morno. Eu costumava tolerar muito melhor essas atitudes. Ultimamente tenho me sentido desconfortável. Pessoas que fazem o trabalho por fazer, que "batem cartão", que simplesmente cumprem sua obrigação. Elas me agoniam. Parece que não se entregam, não "fazem questão", sabe? Simplesmente fazer, sem se importar. Qual a lógica deste comportamento? Se vai ter que fazer, então que se faça bem feito. E, de preferência, com paixão. Às vezes me pego lembrando de situações que vivi há muito tempo, mas deixaram uma lição. Uma delas foi uma moça da Albânia que trabalhou comigo, ambas como garçonetes em um café bem elegante em Milão. Ela ficava me corrigindo o tempo todo, me mostrando como fazer, não parava de andar, sorria para os clientes, sabia convencer os clientes a comprarem a torta que a dona do café pedia. Um dia, prepotente, falei pra ela: eu não sei fazer essas coisas porque não sou garçonete. No que ela me respondeu: eu também não, mocinha. Sou jornalista na Albânia. Mas ja que estou aqui, vou dar meu melhor. Ainda lhe perguntei: mas você não sofre de estar aqui, trabalhando nesse café? E ela: é o que tem pra hoje (ou qualquer expressão semelhante, em italiano). Uma bela lição pra mostrar que, muitas vezes, não é a nossa vida que é dura, a gente é que é mole.
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