terça-feira, 9 de novembro de 2010
Is it all about money?
Não, não sou uma pessoa que acredita que dinheiro traz felicidade. Também não sou uma consumista desvairada, que compra itens sem precisar ou frequenta os melhores restaurantes da cidade. Muito menos sou daquelas que espera o dinheiro cair do céu: desde os 16 anos eu trabalho ininterruptamente para garantir minha graninha com toda a independência a que ela me dá direito no fim do mês. Por que então, dinheiro ainda tira o meu sono? Vou além no meu questionamento: por que cargas d’água dinheiro é tabu na sociedade brasileira?
Dia desses, estava lendo um texto na ótima revista TPM que falava sobre essa realidade: qualquer pessoa minimamente desinibida pode conversar sobre sexo em uma mesa de bar, mas quando o assunto é grana, dindin, bufunfa, money, as pessoas desconversam, ruborizam, mudam o rumo do papo e não passam a anos luz de qualquer problema ligado a isso.
Seja por vergonha, seja por hábito mesmo, a gente não fala sobre dinheiro. Toda vez que precisa fazer um orçamento ou apresentar uma proposta salarial é uma tortura, isso para não falar na questão da conta nos primeiros passeios a dois: eu pago a conta ou deixo ele pagar? Por causa do dinheiro, um jantar com amigos pode virar um dilema: a gente racha ou leva um vinho? Etc etc. Não digo que esse tipo de contratempo atrapalhe minha vida, pelo contrário. Acho até que eu lido com isso de forma natural e acredito que caixão não tem gaveta, a vida é feita para ser aproveitada e dinheiro é o meio e não o fim. Ele deve resolver problemas e não criá-los, enfim. Mas o fato é que fui levada a pensar com mais freqüência no assunto nos últimos meses, pois as coisas andam apertadas lá pelas bandas de casa. Nada preocupante, apenas um acúmulo de gastos imprevistos, como um novo membro na família (meu cãozinho, Bolota para os íntimos), uma ou outra viagem a trabalho e cositas afins.
Só que, em um momento como este, qualquer gasto a mais é capaz de tirar a gente do sério. O que dizer então de uma imobiliária que resolve complicar sua vida? Ela não quer facilitar as coisas e resolve que nenhum dos idôneos fiadores que você apresenta serve. Nenhum dos dois pode bancar um aluguel que eu tenho pagado religiosamente nos últimos dois anos. Sem atrasar um dia sequer. É de chorar, né? Nesta semana, presenciei um diálogo mais ou menos assim:
- Calma, senhora, a senhora pode renovar seu seguro-fiança.
- Eu sei, mas vocês são muito intransigentes, eu apresentei duas opções de fiadores, com fichas aprovadas por vocês e vocês não querem aceitar. Eu não tenho R$1.500 para pagar hoje.
- Mas só vence no dia 20, senhora.
- Entendo, mas é como se eu queimasse esse dinheiro. Eu não preciso dele, nunca atrasei um dia esse bendito aluguel. Além disso, meu contrato vence em junho. Por que tenho que pagar o valor equivalente a um ano de fiança?
- Sinto muito, senhora, é assim que funciona.
É mole? Aí, ligo pro meu pai, indignada. E ele me responde calmamente com um jeito 100% honesto, que lhe é peculiar: “É assim mesmo, minha filha, algumas pessoas são desonestas. E aí, quem é correto sempre ‘paga o pato’”.
:-(
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ResponderExcluirCunha como sempre arrasanff !!! Adorei! Saudades!!! ps: receberam meu postal? beijão
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