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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um assunto nada íntimo e pessoal




Tanta coisa pra escrever, tanto assunto pipocando por aí que para uma libriana tomar esse tipo de decisão é quase uma tortura. Vou começar então pelo mais “quente” como dizemos no jornalismo, uma notícia que li hoje e me deixou estarrecida. Antes de entrar no assunto propriamente dito, quero deixar claro que sou a favor de cirurgias plásticas quando elas são feitas para ajudar a levantar a auto-estima. Sempre sofreu com as orelhas de abano? Consulta um bom médico e opera. Tinha seios grandes que a faziam se encolher sempre que via um garoto? Entra no bisturi! O nariz fazia você se sentir menor, feia, esquisita? Vai pra sala de cirurgia. Mas é claro que tudo tem limite. T-U-D-O. Aí, gente, hoje entro no site do UOL e me deparo com a seguinte notícia (que saiu na Folha, por sinal): “Cirurgia plástica íntima é mania mundial que preocupa ginecologistas”. Fico estarrecida. Chacoalho a cabeça, esfrego os olhos para ver se estou lendo direito. Entro na matéria para ver detalhes. “Como não há evidências de que os lábios vaginais cresceram nos últimos anos, especula-se que o aumento de cirurgias redutoras esteja ligado à uma nova busca de medidas genitais ‘padrão’”, diz a matéria, que em seguida se questiona sobre qual seria esse padrão e conclui que não há dados conclusivos para definir o tal “padrão”. Como em relação a narizes, peitos e bundas, o padrão estético muda conforme a época e o país. "Nos EUA, as mulheres querem vagina pequena, cor-de-rosa. As brasileiras querem no mesmo tom de pele do das mãos, com lábios de 1 cm a 1,5 cm", diz o ginecologista Paulo Guimarães.

#oioioi??? Gente, tem alguma coisa errada aqui, e não é possível que ninguém perceba.
A mulher brasileira (escuta essa, mídia internacional, chega mais) é uma das que mais sofrem com pressões e cobranças de um padrão irreal de corpo e juventude. Eu posso estar errada – até porque essa é uma percepção pessoal e não uma pesquisa antropológica, muito menos o censo ou uma apuração jornalística – mas em nenhum outro país no mundo a mulher é tão pressionada nesse sentido. A gente não anda de biquínis Lenny (ai, ai, quem me dera, não seria nada mau) e sapatos Alexandre Birman (seria uma excelente uma bolsa-Birman, não é, minha gente?) a vida toda, muito menos aos 20 anos de idade, juventude e magreza. A gente, aliás, não tem 20 anos pra sempre. As rugas e as linhas de expressão aparecem e, muitas vezes, nos tornam mais interessantes. Mais reais. Assim como uma gordurinha aqui e outra ali. Habituada como o papo “depois dos 30 ferrou, meu organismo parou e meu relógio biológico resolveu me castigar sem queimar uma só caloria, mesmo que eu coma muito menos do que comia na adolescência”, puxei assunto com o marido e um amigo solteiro. E os próprios concordaram: nenhum país (desses que a gente conhece de férias, sabe? Nada de mundo ocidental e cultura oriental e blábláblás por favor) exerce tanta pressão para a mulher ser jovem e magra como o Brasil. Repare como as pessoas que você conhece que fogem desse padrão burro e único acabam se apaixonando quando vão pra fora do Brasil. Não pode ser uma coincidência, né?

Veja bem, não estamos falando aqui que o padrão magra-e-jovem não exista no resto do planeta. A questão é que o resto do planeta não se limita a ele. Vai além. Enxerga o que está por trás de uns quilinhos ou umas ruguinhas a mais. É (um pouco) menos cruel. E enquanto isso a gente fica aqui, fingindo que está tudo bem, se jogando na cirurgia plástica, fazendo de conta que somos quem não somos. Que temos um corpo que não temos. Uma idade que não nos pertence. E com toda essa corrida maluca contra o tempo e a balança é claro que ficamos imensamente frustradas toda vez que colocamos um chocolate na boca. Ou tomamos aqueles deliciosos cinco minutinhos de sol sem protetor solar. Ou que esquecemos de depilar as pernas. Ou de fazer as mãos e os pés. E aí não tem homem, seja frágil ou forte, metrossexual ou ogro, que dê conta de tanta neura e que supra com 1000% de atenção as nossas carências e necessidades, afinal, a gente faz tanto sacrifício que se a relação não for perfeita, no estilo flores-cinema-jantar fora toda semana, parece que não basta. Proponho aqui um desafio às mulheres: menos autocobrança, menos neura, menos livros de auto-ajuda e muito, muito menos obsessão pelo padrão inatingível de beleza. Mais sorriso, mais barzinho com as amigas e mais sorvete num dia de sol. É difícil, mas a vida vai ficar bem mais leve se a gente começar hoje essa revolução silenciosa. E a gente precisa fazer isso pelas nossas filhas. Ou netas.

2 comentários:

  1. Amiga, tô chocada!!!! Realmente os cirurgiões não tem mais o que operar...

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  2. so tem um detalhe... no lugar do Brasil diminuir essas exigencias... o resto do mundo e que esta se adequando a elas... vivo na Inglaterra e vejo como muda no dia a dia... elas vivem maquiadas, de regime 24 horas e as criancas vao a escola de saltos, maquiadas e com bolcas das maes... tenho controlado minha filha com relacao a isso e a facebook e afins, mas e dificil pois ela nao e aceita no grupo escolar por sem crianca aos 7 anos!!! e sei q ela se sente diferente... nao e facil...

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