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sábado, 11 de junho de 2011

O luxo de um bom serviço



Na semana passada, conversando com um querido casal de amigos, comentamos sobre a importância de sermos bem atendidos, sobretudo em um restaurante. A gente já passa por um cotidiano tão enlouquecedor e estressante que, quando decide deixar o conforto do lar para se aventurar na rua, precisa deixar de lado todas as preocupações e incômodos. É aí que entra a importância de um serviço impecável. Penso assim: se a comida em um determinado restaurante apresentar falhas posso até relevar, pensar que fiz o pedido errado ou que o chef não estava em um bom dia. E até volto para dar uma segunda chance. Mas se sou mal atendida, se sinto um certo olhar de desprezo quando recuso o couvert ou porque escolho o vinho mais barato da carta, pode Deus descer à Terra e me pedir, mas não volto mais lá.

Esses amigos comentaram que em uma viagem escolheram um vinho da carta que estava em falta. Para compensar, o maître sugeriu outro DE PREÇO SEMELHANTE e ainda mandou uma entrada sem cobrar, como uma forma gentil de pedir desculpas. Não sou ingênua a ponto de pensar que no Brasil, que ainda engatinha na formação de seus profissionais e é um bebê em termos de apresentar serviços de luxo (os lugares que realmente se enquadram podem ser contados nos dedos), se aja exatamente da mesma maneira, mas respeito e consideração se tornaram – com o perdão do trocadilho –, por si sós, o verdadeiro luxo. E não entendam luxo como sinônimo de algo caro, não. Luxo, como dizia a sábia Coco Chanel, é o oposto de vulgaridade. E nada mais vulgar que falta de respeito, nos dias de hoje, né não?

Costumo ser super bem atendida no “espetinho” que fica na esquina de casa e serve, além desta iguaria de boteco, uma boa cerveja de garrafa. Donde se conclui que a questão não é realmente o preço. Ao mesmo tempo, como jornalista, já tive a oportunidade de ir a muitos restaurantes bacanas (em todos os sentidos) aqui em São Paulo e ser muito bem atendida. Mas aí não conta, pois quando a equipe sabe que está sendo, de certa forma, “avaliada” capricha mais. Minha sugestão: os próprios garçons, gerente e maîtres deveriam frequentar o restaurante em que trabalham ao menos uma vez por mês e ser tratados como clientes normais. Assim eles podem compreender a diferença entre uma água San Pellegrino (maravilhosa, mas que custa cerca de 10 reais nos restaurantes de SP e costuma ser “empurrada” aos clientes justamente por isso) e um São Lourenço. Percebem como é chato enquanto a equipe bate papo no salão enquanto você acena gestos patéticos para tentar lhes chamar a atenção.

Pois bem, tudo isso para contar que ontem fui jantar com marido na Mercearia do Francês, onde, confesso, já tínhamos tido uma experiência ruim. Havíamos pedido um café para encerrar a conversa calmamente, mas a conta veio junto. Entendemos a mensagem como um “convite para nos retirar” e demoramos muito tempo para voltar. Ontem, a situação foi diferente. No meu prato, para ser mais específica em meio à batata gratinada, veio uma lasquinha de vidro. Mostramos ao garçom, que imediatamente convocou o maître. Ele retirou o prato, fez um novo pedido (que recusei, pois estava a ponto de ficar satisfeita) e não cobrou meu mignon com batatas na conta. Foi extremamente gentil e saí de lá satisfeita. Vou voltar. Agora, dica para donos de restaurantes/chefs/maîtres – sobretudo em tempos de comunicação rápida por facebook, twitter e blogs – o que custa mais caro? Uma gentileza como esta (que custou ao restaurante, quando muito, 40 reais) ou perder um cliente e ainda ganhar “de brinde” uma propaganda boca-a-boca (ou twit a twit, post a post) negativa?

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