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quarta-feira, 8 de junho de 2011

O que está acontecendo com as mulheres?


Essa pergunta normalmente é feita por um homem, mas eu, como legítima representante do sexo feminino, me dou ao direito de replicá-la.

19 horas de uma quarta-feira. Já malhei por duas horas e estou trabalhando há sete. Abro a homepage do uol para respirar um pouco em meio à correria e ao estresse de uma matéria emperrada.

Primeiras manchetes que leio: “Carol Castro diz que não acha bonito mulher magra demais” e “Leandra Leal diz que não gostaria de voltar a ser jovem”. Detalhe número 1: Carol Castro tem 1,66 metro de altura e 53 quilos. Gente, ela é magra!!! Muito magra!!! E está insinuando que prefere seu corpo ao de uma mulher magra. Ela me fez pensar: qual a nossa atual concepção de magreza? Acho assustador.

Detalhe número 2: Leandra Leal tem 28 anos. Se ela não quer voltar a ser jovem, deduzo que se considera velha. E ela não tem nem 30 anos. Com licença que eu, do alto dos meus 31, vou me jogar da janela e já volto.

Em um curto período de tempo, navego por outras chamadas no mesmo site: “Ex-BBB Jaque Khury mostra treino de pernas e glúteos para pousar nua”. Claro, super útil afinal, vou parar meu trabalho e minha vida para malhar pernas e glúteos, afinal, vou pousar para uma revista semana que vem. Voltando à vida real, eu aqui no trabalho, o tempo correndo e me pergunto: quem será que vai ganhar mais no fim do mês: eu e minhas 8 horas de trabalho diário ou a Jaque Khury e sua malhação?

Prossigo: “mulher nos EUA exibe seus 3.200 piercings”. A próxima se refere a um homem, mas é de doer. “‘Se você não quer namoro sério, não dê presente’, aconselha Tony Góes”. Agora é sério: a gente ainda acha um absurdo as muçulmanas usarem véus e ficarem presas em casa sem poder dirigir a palavra aos homens em pleno século XXI, mas eu honestamente me pergunto se nós, mulheres brasileiras escravas da beleza, do peso e de uma idade irreal e mais do que passageira não somos mais sacrificadas do que elas. Sofremos nos espremendo em roupas que não servem, sacrificando nosso apetite, nossas horas de lazer e nossos rostinhos com aplicações de botox e cia. Isso lá é liberdade? Atingir um padrão hollywoodiano de magras-belas-jovens-e-saradas é libertador? Não, no meu ponto de vista. É uma outra forma de privação da vida real. Aquela, bem vivida, bem curtida e com os direitos exercidos em todos os contextos. Inclusive o direito a envelhecer com dignidade e dormir até mais tarde quando rolar uma preguiça de ir pra academia. O direito de não sofrer ao nos olharmos no espelho. Aos 10, 20, 30, 40 ou 80 anos. Será que algum dia a gente vai conseguir se libertar do padrão Carol Castro-Jaque Khury-Leandra Leal?

PS: Ana Paula Padrão, linda, magra e excelente profissional cometeu um erro ontem de noite ao apresentar o Jornal da Record. Ela pouquíssimas vezes foi notícia por seus acertos. Mas hoje, adivinha? Foi um dos assuntos mais comentados do twitter.

2 comentários:

  1. Ai amiga, depois das 8 mil calorias diárias do final de semane em SP nunca iremos ser igual à tal de Carol Castro...hehehehe. MAs aposto que somos bem mais felizes!

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  2. Valkiria Schramm Nadolny11 de junho de 2011 às 00:31

    Querida Pri, mais uma vez amei teu texto. Parabéns lindinha, o importante é ser feliz, beijos!!

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