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terça-feira, 22 de março de 2011

Da nossa (constante) busca pela perfeição


Já faz tempo que quero escrever sobre isso. Muito tempo. Quando assisti ao filme Cisne Negro, há cerca de um mês, a vontade só aumentou. Mas com a correria e minha busca incessante por fazer um trabalho perfeito, veja só, não consegui sentar para escrever. E abandonei o blog por mais de uma semana, pela primeira vez. Cisne Negro (se não assistiu, recomendo, é lindo!) conta uma história em que o extremo da busca pela perfeição é, literalmente, uma loucura. Em certo diálogo, alguém diz para a bailarina Nina (Natalie Portman, protagonista da história): “Seu maior obstáculo é você mesma”. E no fundo, a busca doentia pela perfeição é exatamente isso na vida da gente: um grande obstáculo. “Porque ninguém é perfeito, desista. Você também não é”, vivo repetindo para mim mesma a fim de amenizar as culpas e dores por ver que falhei, que recebi uma crítica, que não sei fazer tudo. Mas essa verdadeira perseguição que traçamos em busca do – muitas vezes inatingível – perfeito não nos deixa em paz. Tanto que para escrever esse simples post, comecei ontem e só estou terminando hoje. E releio duas vezes antes de jogar no ar. E mais duas depois que já está lá, publicamente lançado, exposto a críticas e olhares que eu nem imagino de quem possam ser.
Pensando bem, assim como uma bailarina, um jornalista se expõe demais, se esforça demais e está sujeito a todo tipo de avaliação. Por isso mesmo, deveria saber lidar muito bem com críticas. Eu não sei. Prontofalei. E não sei não pelo fato de achar que o que eu faço é irrepreensível, de forma alguma. Não sei porque não faço simplesmente minha obrigação, não escrevo o básico, não me contento com pouco. Não quero simplesmente “bater cartão”, entregar meus textos e ir pra casa tranquila. Jamais. Eu me esforço, fico pensando em uma matéria durante o banho, durante o passeio com o cachorro, até quando estou sonhando! Eu me esmero, eu capricho, eu dou o meu melhor. Não preciso ficar horas rodopiando nas pontas dos pés (sorte!), mas sempre aplico todos os meus esforços no que faço. Deve ser meu ascendente escorpião falando alto, mas o fato é que não faço nada pela metade. E sei que muitas e muitas mulheres também são assim. Isso não se aplica só ao trabalho, é óbvio. Queremos ter a casa mais aconchegante (e limpa!) e o cachorro mais comportado das redondezas. Queremos ser amigas presentes, filhas carinhosas, companheiras ideais e, no meu caso especificamente, quero cozinhar como uma Nigella. De preferência com o corpinho de uma Gisele Bündchen. Fácil, né? E aí quando a meta se torna inatingível (ai, os ponteiros da balança que teimam em não baixar! Ai, o peixe ficou salgado!), ela vem acompanhada de muita frustração. Sei que é difícil, é um exercício quase tão extenuante quanto dançar um balé como o Lago dos Cisnes, mas é fundamental deixar toda essa expectativa de perfeição de lado, para sofrer menos. Afinal, como diz uma amiga: “A expectativa anda de mãos dadas com a perfeição”. Eu estou tentando, e você?

Um comentário:

  1. Essa busca pela perfeição é praticamente uma luta diária, mas precisamos tomar cuidado pra isso não virar um peso e nos culparmos por não sermos perfeitas, por não darmos conta de tudo que gostaríamos...eu já sofri por isso e, hoje, posso dizer que aprendi a balancear e aceitar que eu sou imperfeita. Mas dentro da minha imperfeição, eu sempre faço o melhor...e no final tenho a certeza de que fiz o que tinha que ser feito, no tempo que tinha disponível e com as ferramentas que existiam. Busca pela perfeição, sempre! Mas sem frustração por não ser perfeita...

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