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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Da indecisão e outros demônios


Já comentei aqui sobre a principal característica da minha natureza libriana: a necessidade e a busca incessante pela paz, pela ausência de conflito, pela não-crise. Mas confesso que naquele post omiti outra característica predominante nesse signo: a indecisão. (embora acredite que cada vez mais esse mal acometa todas as mulheres que trabalham, precisam estar belas, bem informadas, querem casar e ter filhos. Todas passamos diversos dilemas ao longo do dia. Isso não é “privilégio” das librianas, eu sei).Para mim, é realmente difícil escolher entre um sorvete de chocolate e um de morango, uma pizza margherita e uma de rúcula com tomate seco, um sapato pink ou um azul, um vestido ou o look jeans+camiseta. Se fosse só isso, tudo bem. O problema é entre escolher “aquele emprego” em outra cidade ou a vida confortável de sempre, mas longe do seu sonho profissional. Decidir entre ter um filho ou comprar um cachorro, optar por ficar em casa descansando ao invés de ir pra balada são outras tormentas pelas quais uma pessoa indecisa como eu precisa passar diariamente. Esse meu probleminha de indecisão crônica faz com que eu vivencie diálogos no mínimo atípicos no meu quotidiano.

(marido) – Amor, vamos primeiro levar o cachorro pra tomar banho ou antes o levamos para passear no parque?

(eu) – Hummm... Se a gente levá-lo tomar banho antes, vai se sujar. Se a gente levar passear primeiro, pode ser que o Pet Shop feche... ai, não sei.
(marido) – Ta. E amanhã? Vamos ao shopping ou ficamos em casa vendo dvd?
(eu) – Aaaaiiii.

Ou então:
(mãe) – Filha, o que você quer comer no almoço?
(eu) – Hummm...
(mãe) – Massa ou carne? Quem sabe um peixe?
(eu) – Aaaaiiii.
(mãe) – Minha filha, a gente não pode ter tudo nessa vida. Eu já cansei de te falar.

Ou ainda:

(amiga) – Pri, a gente se encontra no almoço ou no jantar?
(eu) – Hummm...
(amiga) – A gente pode tomar um café de tarde também...
(eu) – Aaaaaiiiii.

Em resumo, entendo que conviver comigo e com minhas indecisões não seja fácil, afinal, convenhamos, não estamos tratando de assuntos “de vida ou morte”, e mesmo assim eu tenho dificuldades em fazer opções. A questão é que não quero abrir mão de nada, quero aproveitar tudo, viver intensamente, sem deixar de lado possibilidades de viver momentos diferentes. Escolher o sorvete de chocolate significa abdicar da delícia fresca e azedinha do de morango. Ir ao shopping, para mim, é abrir mão do conforto de ficar em casa vendo um filme. E vice-versa. Entende? Não? Ah, deixa pra lá...
Só para concluir, lembrei de um médico amigo da família que me disse certa vez: “Priscilla, você já mediu suas pernas? E já mediu o mundo? Então, suas pernas não dão a volta no mundo. Você não consegue abraçar o mundo com as pernas. Em resumo, minha cara, você precisa escolher!”

Aaaaaaaiiiiii...

Trilha sonora para esse post: Should I stay or should I go?
Obra literária para esse post: Hamlet, de Shakespeare

Um comentário:

  1. Oi Pri. Tudo bom?

    Sou repórter da Editora Abril e estou fazendo uma matéria sobre indecisão. Esbarrei nesse seu post e fiquei interessada. Você gostaria de dar uma entrevista? Mande um e-mail para luiza.furquim@abril.com.br!

    Obrigada,

    Luiza Furquim
    Revista Sou mais Eu!

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