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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sobre chuva e brigadeiros




O que poderia salvar uma noite chuvosa – entenda falo em uma chuva que você não salva cabelos e pés de saírem encharcados apenas ao atravessar a rua – de segunda-feira? Nada, você deve estar pensando. Brigadeiros, respondo eu. Aliás, reformulando a resposta: 12 brigadeiros. É, foi essa a quantidade de docinhos que devorei diante dos olhos surpresos da minha amiga Natália, com os cabelos pingando e aquela risada que só ela sabe dar quando as coisas parecem ter ido para o buraco. Mas é verdade. Os brigadeiros, que foram meu jantar, obviamente, salvaram minha noite, meu dia seguinte, minha semana. Marido nunca me viu chegar tão feliz em casa, nunca malhei com tanta vontade na manhã de terça-feira, enfim, acho que nunca comera um brigadeiro tão gostoso na vida. A responsável? Juliana Motter, uma jornalista que apostou nesse lado doceiro e, ao que tudo indica escolheu bem. Sua lojinha é uma delicadeza, com as paredes em tons pastéis e um espaço bem pequenininho e aconchegante para acolher poucas pessoas. À diversão de degustar suas delícias (e são muitas, dos clássicos preto e branco, ao de limão siciliano, o novíssimo de caramelo e meu preferido, o amargo), some-se a de assistir sua preparação e admirar suas embalagens pra lá de criativas. Juliana conversou com Só porque eu gosto e você vai conhecer um pouco mais dessa doce profissional.  
Juliana Motter

Como tudo começou?
Quase que por acaso. Sempre fui apaixonada por brigadeiro e desde bem pequena costumava inventar novas versões do doce. Como era incomum ver brigadeiros de outros sabores que não fosse o de chocolate tradicional, meus brigadeiros costumavam fazer sucesso e sempre apareciam encomendas, que eu recusava por não associar o hobby de fazer brigadeiro com o  trabalho de fazer brigadeiro. E não é que numa dessas festas, na brincadeira, acabei aceitando uma encomenda de mil brigadeiros? Fiz os doces e no dia seguinte meu telefone não parou de tocar. Três meses depois já não dava mais conta de tantas encomemendas e pedi demissão – era editora de comportamento de uma revista feminina.
Lembra quando comeu o primeiro brigadeiro da sua vida? E quando fez? Quantos anos tinha? Onde foi? Quanto mais detalhes tiver melhor.
Aprendi a receita com a minha avó, doceira, aos 6 anos e não parei  mais de fazer. Minha alegria era chegar nos aniversários com uma bandeja cheia dos meus brigadeiros decorada com um belo laço. O hábito, curioso para uma criança tão pequena, logo me rendeu um apelido: Maria Brigadeiro. Naquela época minhas receitas já eram bem diferentes das versões convencionais: nunca usei granulado comum – minha avó me ensinou que as raspas de chocolate ao leite eram muito mais saborosas. Também  gostava de misturar vários ingredientes ao leite condensado: chocolate branco, ovomaltine, cookies de chocolate… Com o tempo, uma graduação de gastronomia e alguns cursos de pâtisserie depois, meu caderno de receitas passou a ter 35 versões diferentes de brigadeiro, que  ao longo da minha vida fiz para comer (claro!) e também dar de presente.
Atualmente, quantos  sabores são oferecidos pela Maria Brigadeiro?
São 40 sabores.
Como criou as embalagens?
Todas as embalgens têm a ver com a minha história com brigadeiro e algumas surgiram muito antes da loja. A marmita de metal com brigadeiros, por exemplo, que é um hit da Maria Brigadeiro, surgiu por falta de bandeja. Explico: como contei, eu sempre levava uma bandeja de brigadeiros de presente para os amigos que faziam aniversário, e na festa de um deles, me dei conta de que todas as bandejas da minha coleção pessoal eram muito femininas. Olhei em volta em busca de uma solução e me deparei com uma marmita que eu usava para guardar temperos. Tirei os condimentos, coloquei os brigadeiros e amarrei um pano de prato. Quando abri o ateliê, esta foi a segunda embalagem mais vendida – a primeira, não por acaso, foi a bandeja.
A caixa TPM (uma embalagem de remédio com 8 brigadeiros sortidos) também é uma idéia  antiga. Minhas amigas e eu costumávamos mandar chocolates umas para as outras na TPM. Era uma forma bem-humorada de avisar que a pessoa estava “chatinha” e driblar o mau-humor do período.
Quais são os novos sabores em desenvolvimento?
Temos quatro sabores recém-saídos da panela, são eles: doce de leite com nozes, tradicional (ao leite) com caramelo, semente de cacau (que é feito com a amêndoa do cacau triturada) e o pistache de Bronte, cultivado na Sicília, considerado o melhor  pistache do mundo.
Quais são seus projetos para o futuro?
Comer muitos brigadeiros. (risos)

As fofas embalagens

Um comentário:

  1. me deu água na boca! ainda mais que, além de ser chocolotra, ainda estou de tpm...hahahah

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