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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

É possível trabalhar e ser feliz no casamento?


Já faz mais de 40 anos que as mulheres queimaram sutiãs em praças públicas pedindo por direitos iguais e algumas coisas não mudam. Não quero nem falar de dupla jornada, de mulheres trabalhando fora de casa E em casa, dos maridos ajudando pouco etc etc. Minha questão aqui é: por que ainda temos que optar entre marido e profissão? Explico: tenho uma amiga que é uma das melhores profissionais na área em que atua. Ela é tão dedicada, tão responsável e tão competente no que faz que já foi promovida em todas as alçadas possíveis dentro da empresa em que trabalha. A próxima opção, se quiser continuar crescendo profissionalmente, é mudar de cidade – ou de país. E é aí que começa o problema. Como fazer se o marido também é muito bem sucedido profissionalmente e suas chances de crescer acontecem na cidade em que eles moram atualmente?
Posso dizer de cadeira, pois passei por uma situação bem parecida: sou de Curitiba e tive a oportunidade de trabalhar como jornalista de moda em São Paulo, praticamente a única cidade em que exercer essa específica profissão que escolhi (e para a qual me preparei por pelo menos 10 anos) se torna possível. A oportunidade veio e a conversa com o marido se seguiu. Eu me senti em uma encruzilhada: continuo em Curitiba, com minha vida tranqüila e bem ajeitadinha e meu marido estável profissionalmente ou me mudo pra São Paulo e, se der certo, o marido vai depois? Não posso reclamar, pois tenho um marido muito companheiro, que desde o começo disse: "vai, porque é teu sonho. Depois a gente corre atrás do meu". Deu certo e em março esse episódio – e os oito meses que o seguiram, em que eu e marido vivemos na estrada durante vários fins de semana e eu chorava copiosamente todas as noites de domingo – completa três anos.
Minha escolha foi muito feliz e hoje vivemos muito bem, obrigada, nessa caótica São Paulo. Minha amiga, tenho certeza, também vai se sair bem dessa verdadeira “sinuca de bico”, e será feliz com seu marido para onde forem. Mas me pergunto: se a situação fosse contrária, não teria sido mais fácil? Sempre tenho a impressão de que nós, mulheres, largaríamos tudo com mais facilidade para segui-los. Principalmente se houver filhos envolvidos. E me pergunto mais: se a mulher que precisa passar por um momento crucial na sua profissão não tiver um marido tão compreensivo (o que, vamos combinar, é muito raro)? Ela abre mão do quê? Trabalho ou emprego? E se um filho ficar doente, quem falta no trabalho (salvo raras exceções)?
E não quero nem mencionar o fato de que a maioria das mulheres bem-sucedidas profissionalmente que conheço não vivem/viveram casamentos plenos e felizes, por alguma razão. É, amigas que queimaram os sutiãs há quase meio século. A tentativa de vocês foi válida, mas ainda falta mudar muita coisa para que a gente tenha realmente direito a trabalhar e ser feliz. É pedir muito?

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