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quinta-feira, 11 de março de 2010

A dor e a delícia de ser jornalista




Lembro como se fosse hoje minha primeira entrevista para um emprego. Ao menos para um emprego como jornalista. Faltava um mês para minha formatura e eu estava vivendo aquela mistura de ansiedade e apreensão que acomete todos os formandos. Foi quando soube da oportunidade: seria um site para adolescentes em um portal de informações da cidade onde morava e a seleção seria a melhor possível para alguém sem a mínima experiência na área, como eu: bastava sugerir uma pauta pertinente, correr atrás e fechar no mesmo dia. Arrisquei e resolvi falar de moda, minha grande paixão. A princípio não teria dado certo, mas meses depois fui chamada e o resultado foi melhor do que eu esperara: uma equipe jovem, meu melhor amigo na cadeira ao lado e muita vontade de trabalhar naquilo que eu mais gostava (e ainda gosto, claro) na vida: comunicação. Lembro em detalhes de nessa entrevista terem nos oferecido café e cigarro, mas nenhum de nós fumava e só eu aceitei o café. Nossos futuros chefes ainda brincaram: "não se fazem mais jornalistas como antigamente. Vocês não fumam e só uma pessoa toma café!" Claro que isso era um indicativo do clima delicioso que encontraríamos diariamente naquele trabalho ali por diante. Mas sempre me fez pensar: será verdade? Será que não existem mesmo jornalistas como antigamente? Está certo que nós, jornalistas, temos uma tendência forte ao saudosismo e à nostalgia. Reza a lenda (da qual discordo) que todo jornalista sonha em cobrir uma guerra mundial. Jornalista que se preze já leu tudo o que esteve a seu alcance sobre 1968 e a ditadura no Brasil. Parece um tempo mais bonito, de ideais imbatíveis, ideologias profundamente justificadas e compreendidas. Mas nostalgias à parte, eu acho que, sim, ainda se fazem jornalistas como antigamente Não que a gente precise de máquina de escrever, fax ou linotipo para imprimir os jornais atualmente. Mas com tanta contrariedade que aparece em nosso dia-a-dia - do trânsito que enfrentamos para ir de uma entrevista para a outra, ao orçamento curto e o salário mais ainda, passando pela longa espera que encaramos para sermos recebidos pelo entrevistado, até não ter hora para ir embora da redação - se a gente continua apaixonado pelo que faz, é porque jornalismo é mesmo coisa para quem não tem medo de se entregar à enorme aventura que é conhecer pessoas novas todos os dias, lugares diferentes a cada semana e suspirar diante da beleza das palavras sobre o papel - as nossas ou as de outras pessoas, que fique claro. Porque se tem uma atividade que a gente gosta na mesma medida que falar e escrever, essa atividade é ler.
Ah, um toque de humor para encerrar esse post cheio de amor. Sei que o papel do jornalista é perguntar, mas a pergunta que mais gosto de responder é: Qual é a sua profissão? Nessa hora parece que a palavra salta da minha boca orgulhosa e voa por todo o ambiente: Jornalista.

2 comentários:

  1. e eu não via a hora de me formar novamente e poder agora falar "sou turismóloga!"...rs...ainda bem q vc não desistiu do jornalismo, vc é ótima na profissão q escolheu, te admiro mto!

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  2. Lindamente escrito, como todos os seus textos... sou uma fã distante, mas fiel ehhehe Parabéns!!!!!!!!! Gde beijo, Le (Fco Beltrão)

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