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terça-feira, 8 de junho de 2010

"Eu faço para você como faço para mim"


Foi exatamente isso o que me disse, há pouco, a senhora que esquenta diariamente minha comida no microondas do restaurante da empresa. Minha e de mais sete famintas garotas que trazem suas marmitas na tentativa de ter uma vida mais saudável. E hoje me peguei pensando em como o simples ato de esquentar nossa comida no microondas por cerca de um minuto desperta atitudes tão diversas nas pessoas que trabalham no restaurante. A maioria delas acha que nos faz um imenso favor e devemos ficar eternamente gratas. Por isso, a polidez no trato: "olha, vc poderia me fazer o favorzinho de esquentar minha comida?" E a resposta, normalmente acompanhada de um olhar lacônico e um sorriso amarelo, é um simples: "é claro". Existe também um (nada) digno senhor que mesmo que esteja sem fazer nada, ou apenas caçando moscas no ar, olha com ar superior e solta um: "eu não esquento. Peça para outra pessoa". Mas hoje, a senhorinha que esquentou minha comida (e das outras 7 garotas, antes de eu chegar ao restaurante) me sorriu e disse: "vamos esperar mais um pouco, hoje? Porque está frio demais, né?" Eu respondi também com um sorriso: "Eu agradeço, pois passamos o dia todo fechados aqui dentro e sem saber se choveu ou fez sol. Tudo o que queremos é um almoço quentinho para reconfortar a alma". No que ela arrematou, certeira: "É, eu faço para vocês como faço para mim. Eu gosto de comida quente, e então, esquento bem a comida de vocês".
Gente, como uma frase tão simples, numa situação tão inusitada, pode comover tanto? A partir dessa conversa, parti para o raciocínio mais básico, uma lógica que meus pais me ensinam desde criança: filha, só faça para os outros o que gostaria que fizessm para você. Ou, numa visão mais simplista noveleira, amor com amor se paga.
Não seria tão mais fácil a gente sempre se colocar no lugar do outro? Não tornaria as relações mais humanas, não encheria a vida de paz e as pessoas com quem lidamos diariamente não sentiriam na pele esse respeito? Isso vale para lidarmos com maridos e namorados, com professores e alunos, com pais e filhos e, é óbvio, com chefes e colegas de trabalho? Com certeza, sim. Essa senhora do restaurante - que de certa forma é, sim, uma colega de trabalho - me passou, ou melhor, me revisou, uma bela lição, com sua simples frase: a do respeito e amor ao próximo. E digo isso sem nenhuma ligação com qualquer espécie de religião. Digo isso porque realmente acredito que seria uma forma mais simples de se viver. Com muito menos complicações do que normalmente precisamos enfrentar em nosso cotidiano. E quer saber? Achei muito bom parar para refletir a respeito.

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