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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma bolsa para sempre


Hoje, num almoço gostosinho no restaurante Kinoshita, harmonizado com vinhos chilenos Ramirana (tá bom, pode babar, eu deixo), estávamos em poucos jornalistas e o papo enveredou para os lados do luxo. Uma das jornalistas comentou, não sem compreendido tom de surpresa, que sua filha adolescente lhe pediu esses dias uma bolsa Gucci. O papo, informal, é claro, foi para o lado: "ah, não vale. Pagar uma fortuna por uma bolsa?" Ou então, para: "A Louis Vuitton deveria é pagar para as pessoas fazerem marketing dela exibindo seu logotipo por todos os lugares" ou ainda o comentário divertido: "Eu tenho uma amiga que diz que usa Louis Vuitton para se sentir segura". Preferências estéticas à parte, eu trabalho nesse universo (atentem, não disse que consumo, disse que trabalho com isso) e confesso, adoro. Adoro saber que tem gente que faz de uma bolsa uma obra-prima, que existem gênios capazes de reunir uma equipe de 50 artesãos especializados ao extremo em suas atividades e disso, resultar uma coleção de joias que mais parecem esculturas. Admiro que ainda existem empresas que não usam mão de obra escrava e nem barata em países em desenvolvimento, mas se esforçam em formar seus profissionais. Empresas que fazem artigos de couro, mas respeitam os animais, sua forma de criação e seu abate. Admiro, respeito e escrevo sobre. Essas grifes cobram caro, mas, acredite, tem um porquê. E consumo consciente tem mais a ver com o investimento de milhares de reais em uma bolsa feita assim, vinda de uma empresa que emprega milhares de pessoas, e que vai durar para sempre, do que em comprar cinco bolsas de "vintão" na 25 de março, feitas com matéria-prima e mão-de-obra que vão fazer mal para você, para o meio-ambiente, para a sociedade.
Enfim, para encurtar a história, o papo passou para video-games (confesso que, distraída, perdi o fio da meada e não sei como chegamos aí), quanto custam e como são divertidos para as crianças, que deveriam se preocupar mais com isso do que com bolsas caras. Nesse ponto, não resisti e tracei um comentário. "Ah, tá, vocês acham uma bolsa Gucci cara, mas um Play Station 3, não? Olha, se você quer uma dica, fica com a bolsa. Dura para sempre. Você vai passar para suas filhas e netas e ela não vai quebrar nem ficar ultrapassada. Principalmente se for uma Gucci".
Prontofalei!

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